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Entrevistas

Esta semana a amiga Fabiana Lopes me enviou algumas perguntas para uma matéria sobre a Bienal de Dakar (Bienal de Dakar Dak'Art)  que abriu em 03 de Maio de 2016. Participo da Bienal a convite da curadora Solange Farkas com os artistas Moises Patricio, Paulo Nazareth, Sonia Gomes e Thiago Martins De Melo.
1. Que projeto você vai apresentar no evento?
O trabalho apresentado será a série audiovisual Saída de Emergência. Uma série iniciada em 2010 sobre o controle das populações negras nos territórios da América. A série passa por diferentes situações sociais em diferentes cidades: Rio de Janeiro, com a construção dos muros em torno da favela Santa Marta e a implementação da primeira Polícia Pacificadora; Medellín, na Comuna 13, favela ocupada por forças militares e inspiração para a ocupações militares das favelas cariocas; Havana, com a internalização do controle num regime totalitário; New York e Baltimore com a relação entre território e população negra, seja desenhado pelas forças policiais ou pelo capital (gentrificação); e por último, Porto Príncipe com a investigação-ação em torno das forças militares brasileiras que, segundo suas próprias declarações, fizeram do Haiti um laboratório de controle de populações pobres cujos métodos depois foram aplicados no Rio de Janeiro. Essas experiências constroem uma espécie de cartografia sobre as populações negras na América e seu histórico controle territorial. Tudo isso levantado por intervenções poéticas nestes contextos.
2. Qual a importância desta Bienal para você?
Inevitavelmente a Bienal de Dakar traz a discussão sobre a trajetória da cultura negra dentro das Artes Plásticas. A diáspora negra traz este conceito unificado da negritude que é tão importante para entender a realidade da América. O trabalho que acredito envolve a discussão da história da colonização que impõs uma ordem hegemônica que se centra no eixo cultural dos Estados Unidos e Europa, seja como produção cultural, seja como consumo. Nas Artes Plásticas, que tem um viés elitista, este eixo existe de maneira muito marcada e fixa. A própria história do Modernismo com todas suas vanguardas diz muito sobre esta centralização e exclusão do resto do mundo. E Artes Plásticas, esta ordem mundial talvez esteja mais perversamente marcada do que em qualquer outra linguagem. Exemplos como a linha do tempo das Artes Plásticas da Tate Modern em Londres, mostram como o resto do mundo que não é Europa e EUA estão totalmente fora do jogo, fora da história "mundial". Se pensarmos em outras linguagens como cinema ou música é impossível se fazer uma pretensa linha do tempo da produção sem incluir movimentos e artistas das Ámericas, Ásia, África, etc. Como falar de cinema sem citar Cinema Japonês, Iraniano, Africano, etc? Como falar de história da música moderna e contemporânea sem falar das produções em várias partes da África, da América e Caribe? Impossível! Mas nas Artes Visuais até hoje permanecem discursos excludentes. Então, mais do que nunca, precisamos da criação e manutenção de eventos periódicos artísticos fora do eixo hegemônico.
Então acredito que, para o artista lidar com isso, é necessário um movimento transversal para além do sistema de Arte Contemporânea tradicional; para além do sistema hegemônico que se centra no eixo Estados Unidos e Europa. Não como recusa radical mas como sustenção de alternativas. E isso se torna ainda mais forte quando se equaciona com minha própria produção que lida com esta geopolítica da exclusão. É preciso reconectar o Brasil e África, assim com o Brasil com América Central e Caribe, não como um favor, um gesto de benesse, mas como percepção da potência deste reencontro da diápora negra.
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Afrotranscendence
Produzir e disseminar conhecimento. É com esse pensamento que a plataforma de pesquisa e curadoria NoBrasil, lança a websérie AfroTranscendence, material audio-visual que vem para compartilhar a experiência de educação e aprendizado coletivo do programa de imersão em processos criativos AfroTranscendence, que aconteceu em outubro de 2015 no Red Bull Station, em São Paulo.

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